terça-feira, 21 de julho de 2009

Um case de Ônibus 2 - Leitura Compartilhada

Esse é mais um texto escrito sem linearidade, nos mesmos moldes do anterior. A diferença é que desta vez colocarei algumas ilustrações.

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Não importa o horário que eu estou no ponto para o primeiro ônibus, ele sempre chegará no destino na mesma hora. Sentada no meu lugar especial, a vida é como um filminho, as vezes inédito, as vezes escrito por um roteirista preguiçoso que recicla situações. Obviamente a segunda opção é a mais freqüente. Para acabar com o tédio o jeito é observar.

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Ela tem uns 30 anos. Tem o cabelo liso todo mesclado em tons de loiro, que está sempre com a aparência de quem acabou sair do banho - molhado. As roupas - terninho e casaco - sempre em tons beges e marrons, transmitindo uma vida sem grandes emoções. Ônibus lotado, hoje ela não conseguiu sentar no reservado, o jeito será ir de pé. Não faz diferença. Ali mesmo ela tira de sua bolsa algo que fará não só o tempo dela passar, mas também pelo menos o de mais 3 pessoas a sua volta aleatoriamente. "Turma da Mônica Jovem" em mãos, abre na pagina marcada, sinal de uma leitura previamente interrompida por uma mudança no ônibus, ou uma postergada proposital de alegrias. Ela lê e a sua volta - alguns com um olhar de surpresa - observam com o canto dos olhos as páginas.

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"...Gostaria de ressaltar que o produto que está na mão de vocês é vendido por 2 reais nas padarias e lojas , mas aqui você leva dois por um real...Produto de qualidade, marca de confiança...dois por UM real.......não, eu não tenho de morango.... "
Pausa: recolhe os doces de volta e recebe o dinheiro de quem compra. Dá o sinal, e dirige-se a saida.
"Boa noite a todos, Obrigada motorista"
Sai em um salto pela porta.

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Estava no primeiro ônibus, e junto a mim um rapaz com uma cara deveras simpática. Tudo bem, mais um estranho conhecido de todos os dias. Desci no ponto de sempre para a segunda parte da jornada. Entrei. Como sempre lotado, e dessa vez optei por ficar na porta em pé.
Ponto seguinte o rapaz da cara simpática entra, ele está com uma revista dobrada nas mãos. Acomoda-se em pé ao meu lado e desdobra a revista para a ler: é uma matéria sobre cachorros que eu também li no começo da semana.
Conclusão mental baseada em estudos da Universidade de Leticceland: Gosta de cachorros? é gente boa.

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A chinesa tem em mãos uma folha bastante "surrada" com uma enorme seqüencia de ideogramas e as palavras correspondentes em português. Ela acompanha com um lapis na mão equanto repete bem baixo cada palavra. Seu celular toca, ela atende. Conversa 50% em chines, 50% em português- muito melhor do que varios "nativos".

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Existem dois pontos clichê que indicam uma pessoa lendo "romances de banca": gola rolê e papel pardo...não me pergunte o porque (aha rimou!). Talvez seja uma incrível coincidência no meu caminho, ou realmente todas as leitoras deste tipo de livro usam esta vestimenta.
O exemplo da gola role e o papel pardo em uma leitora.
Agora você me pergunta "Ok, mas e o papel pardo?" . Bom, o fato é que todas as leitoras que já encontrei encapam seus livretos com papel pardo, escondendo as ilustrações fantásticas das capas. E eu analisando mentalmente concluo que provavelmente elas sentem uma ponta de vergonha por estar lendo aquilo. Inicialmente até pensei "hum...talvez encape para conservar" mas não faz sentido, se você lembrar que os livretos saem por uns 5 reais e a qualidade do papel não é grande coisa. Sempre vejo umas pessoas estudando com aqueles livros técnicos caríssimos e não encapados. Vergonha é a unica explicação.

Eu gosto dessas ilustrações realistas dos capas - depois de uma pesquisada, vi que o recurso da fotografia está mais presente nesses livretos hoje em dia - é um trabalho muito bem feito. Eu lembro que quando era criança, ficava fascinada e ficava querendo desenhar igual, mas obviamente ninguém me comprava aquelas "revistinhas de capas bonitas"para referencia .

O mesmo acontecia com a garrafa de Montilla e de Catuaba "mãe leva?? o desenho é tão bonito!!" "isso não é pra criança menina!"...e eu ficava me perguntando qual a maldade de um pirata sorridente e seu papagaio? ou um príncipe carregando sua donzela...
Rotulo da Catuaba Selvagem e Pirata da Montilla: Um dia quero chegar nesse nivel de realismo em pintura.

8 comentários:

loiro disse...

adoro posts novos!
começo a manhã bem

Leticce disse...

mas vc é deveras rapido hein!
:)

Anônimo disse...

Blogger de Dona Letícia sempre com histórias interessantíssimas de se ler hahhaahahaaaa

Unknown disse...

Huauhahuahuauhahuauhauhauha... "não é pra criança, menina..."
Mal sabia você o conteúdo das garrafas...

Leticce disse...

não sabia mesmo qual era aaahahaaha

Thais Roland disse...

Hahaha... nossa! Que coincidência! ehauehaueh...

Mas, olha.. aquela colega de quem eu falo no meu post não encapava os livrinhos nao.. heauheuahe

Muito legal o seu blog... vou acompanhar... ;)

Dart disse...

Repare bem: a moça na capa do livro da Sandra Madden não é a Carolina Dickman?

Unknown disse...

Acho que o marido da princesa Carolina Diekman é o Bahuan, de Caminho das Índias! huahuahua